NÃO COMPREM PRESENTES Em by Andre Sillva Free Volunteer Thailand Project
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NÃO COMPREM PRESENTES Em by Andre Sillva Free Volunteer Thailand Project
23 ก.ย.,2016 Jason
Essa semana estou me despedindo dos meus alunos na pequena Bannonghoy School onde passei 1 mês aprendendo com todos por aqui.
- Essa semana estou me despedindo dos meus alunos na pequena Bannonghoy School onde passei 1 mês aprendendo com todos por aqui. Hoje eu pedi para a diretora da escola falar com os alunos para não comprarem presentes para mim, pois percebi que alguns alunos estavam querendo fazer isso. Os motivos são dois; o primeiro é que não tenho espaço na mochila para levar presentes, o segundo é que eles são pessoas simples e do campo, passei pela casa de alguns alunos e são muito simples, algumas não têm nem energia elétrica. Eu fico feliz de ter um chuveiro no meu quarto, não é elétrico mas já ajuda, isso por aqui é luxo.
- O presente que eu queria daqui eles já me deram, a forma como eles me tratam, como me abraçam depois da aula, as brincadeiras que fazemos juntos e o futebol no final do dia compensam qualquer presente. Além disso perceber que a cada dia que passa vocês entendem um pouco mais do que tento ensinar isso é inestimável.
- Esses últimos dias tem chovido muito, o quarto fica no fundo da escola e por causa da chuva ficou cercado de poças d’água e o barulho dos insetos, sapos, grilos e sei lá mais o que, é muito alto. Sou o único voluntário então acabo passando muito tempo sozinho, o sinal de internet no quarto é fraco, tem posição que ele funciona, tem posição que não, a tela de proteção contra insetos que cobre a minha cama não impede a invasão de alguns, eu passo repelente no corpo para dormir e confesso que algumas noites são bem solitárias.
- Mas sempre temos o dia seguinte e as crianças me dizendo “Good Morning Teacher” com as mãos juntas e elevadas na altura do queixo, sempre tem os sorrisos dos professores e a alegria do dia. Hoje durante a aula para meus alunos mais velhos, entre 9 e 11 anos de idade, desenhei no quadro, do meu jeito tosco de desenhar, o globo, mostrei onde fica a Tailândia e onde fica o Brasil e coloquei no centro um coração dizendo que assim estaremos conectados. Mostrei um vídeo falando da importância do sorriso, depois tentei fazê-los entender que o sorriso abre portas, que quando conversamos com alguém com alegria essa alegria retorna para nós e que com o sorriso elas poderão conquistar o mundo e fazer o que quiserem.
- Sei que uma das alunas gosta de música e de tocar violão, disse que ela pode fazer isso, disse que todos eles podem fazer o que quiserem pois o mundo é deles, o mundo é nosso. Falei empolgado e rapidamente em inglês, perguntei no final se me entenderam, mas eles ficaram apenas me olhando, perguntei em Thai então se haviam me entendido mais ou menos, “Nic nói”, elas riram e não disseram nada. Uma das alunas ficou de pé e me chamou “Teacher”, virei para ver o que ela queria e ela me disse “I love you”. Ali eu entendi que as crianças podem não terem me entendido completamente, esse professor louco que lota o quadro de desenhos, usa o cabo do computador fingindo ser microfone e fica dançando lá na frente, mas elas entenderam meus olhos, meus gestos e principalmente minha intenção.
- Virei para o quadro e vi o desenho que tinha feito, rapidamente pensei em todas viagens que já fiz e no quanto queria que elas pudessem fazer o mesmo, mas eu entendo que a realidade delas é diferente, muitas delas não sairão daqui do pequeno distrito de Wattana Nakhon. Senti-me então um pouco culpado por apresentar para elas esse mundo lá fora. Mas apesar de simples elas são inteligentes, no final da aula além dos abraços eu ganhei alguns desenhos e percebi a forma como elas me vêem. Então não me comprem presentes, pois presente nenhum substituirá a alegria de passar um tempo aqui. Wattana Nakhon – Bannonghoy School Thailand Lost in 40`s